MCU Revisitado – Homem-Aranha: De Volta ao Lar




Uma das primeiras coisas que aparece em Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o desenho dos Vingadores  que uma criança rabiscou numa folha de A4 depois da vitória contra os chitauri em Nova York.

Homecoming, como costumamos chamar, é o filme que olha para baixo e mostra quem são as crianças que nasceram e/ou cresceram em um mundo onde os super-heróis sempre existiram. E também um vislumbre de como vivem os adultos sem poderes (especiais e financeiros) naquele universo. Migramos das mansões e instalações chiques para os conjuntos habitacionais, coisa que até  já era comum nas séries da Marvel na Netflix.

A volta ao lar do título tem algumas mensagens subliminares por trás. É o Homem-Aranha voltando para casa, já que os direitos do personagem haviam sido vendidos há muitos anos para a Sony e só agora, por meio de uma parceria, ele virou parte do Marvel Cinematic Universe (MCU). O outro é Peter Parker, 15 anos, voltando aos Estados Unidos depois de ajudar o #TeamIronMan no aeroporto alemão na Guerra Civil. Como levar uma vidinha mais ou menos normal depois daquilo?

Quem são os super-heróis para esses adolescentes? Deuses? Não. No MCU, os Vingadores são vistos como celebridades, dessas que são pauta do canal E!, viram teste no Buzzfeed e fazem parte das brincadeiras de fuck-marry-kill. Assim como as celebridades, eles são considerados inatingíveis e qualquer contato que você eventualmente teve com eles é sinal de orgulho. Eles acham divertido. Howard Stark, Bruce Banner, são cientistas famosos e personagens históricos. O Capitão América é uma peça de material educativo do governo.



O jovem Peter Parker, o mais jovem do cinema até agora, era um herói anônimo local, digno de lenda urbana no Youtube. Um belo dia, ele é convocado pelo Homem de Ferro e está lutando no meio dos Vingadores, roubando o escudo do Capitão América. No outro, é entregue de volta em casa como se nada tivesse acontecido e deixado em modo de espera. Peter não consegue mais ver a vida da mesma forma. Pegar o ladrão de bicicletas já não importa mais. Ele quer ser um Vingador. Ele quer estar entre os grandes. Como todo adolescente, ele não tem paciência nenhuma.

Nessa busca frenética pela chance de voltar àquele mundo, ele acaba descobrindo um grande esquema criminoso. É aí que entra o Abutre. 

Adrian Toomes trabalhava recolhendo sucata. Quando soube do estrago deixado pelos Vingadores em Nova York, investiu tudo o que tinha em caminhões e pessoal para recolher e vender os produtos. Só que, no meio do caminho, a Stark Industries lança um braço da empresa chamado Controle de Danos justamente para resolver os problemas deixados pelos super-heróis depois das batalhas. Ele é dispensado da noite para o dia.

Toomes procurou a prefeitura para reclamar? Acionou o Ministério Público? Revendeu os caminhões? Pediu socorro de outra forma? Não. Revoltado, ele achou que a solução era mudar de ramo e entrar para o mundo do crime. Ele e a galera dos caminhões. O homem ficou rico furtando peças de artefatos alienígenas, restos da Hidra ou de criações do Tony para fazer armas e vender pra quem quiser pagar mais. Questionado, ele diz que absolutamente tudo que faz é para a família: sua esposa e a filha, Liz, a criança que fez o desenho lá no começo da história.

Falando nela, o grande confronto entre nosso herói e o vilão não acontece numa grande luta, com um empurrando o outro pra lá e pra cá: começa na entrada de uma casa do subúrbio e vai num crescendo até a carona de carro até o baile da escola, quando, num trocar de luzes do semáforo, ele vira outra pessoa. As atuações de Michael Keaton e Tom Holland na sequência são sensacionais.


Ainda falando da Liz, é muito raro ver uma atriz negra fazer o papel da garota mais popular da escola, que deixa todos os meninos apaixonados. E, apesar de ser a “abelha rainha”, Liz não é uma Regina George. A jovem estudante do último ano coordena a equipe do decatlo acadêmico (composta por colegas mais jovens, na maioria) e é uma líder nata, mas sem arrogância.


Outra menina que se destaca na história é Michelle Jones, a MJ. Ela tem a aparência da típica garota isolada no estilo Clube dos Cinco ou Ela é Demais. No entanto, ele não dá a mínima e nem passa pela transformação do “patinho feio”, embora eu não descarte essa possibilidade em uma sequência. Michelle é irônica, pessimista, sarcástica e muito inteligente. É como se ela fosse a personificação do Twitter em seu auge =P

Aspecto interessante é que eles estão em uma escola de ciência e tecnologia. Ou seja, até certo ponto, é uma escola para jovens com Q.I alto. Você vê que o bullying nem é contra quem é nerd ou não. Flash Thompson, longe de ser o tradicional cara atlético e valentão, persegue o Peter porque tem inveja e porque ele é pobre.


Na falta de um tio Ben, entra Tony Stark, um “pai” ausente sem ser, para fornecer equipamento e tentar aconselhar o menino. É uma dinâmica que, na época do filme, me lembrou do desenho Tiny Toon, que tinha o Pernalonga e o Perninha e os personagens treinavam para fazer parte da turma dos Looney Tunes.


Muita gente reclamou no começo (eu, inclusive, que esperava um Homem-Aranha já fora da escola) de colocar um Peter Parker ainda mais novo no MCU, principalmente em Guerra Civil. Mas, o bom é que souberam conduzir isso de uma forma boa no filme. Peter não é irritante, não é forçado. E, numa cena de extrema vulnerabilidade (o desabamento), o filme grita pra você que, apesar das habilidades, da super força, coragem e tudo mais, dentro daquele traje tem só uma criança. O que vai ser desse menino em Vingadores: Guerra Infinita?


FICHA TÉCNICA



Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming)
Direção: Jon Watts
Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris Ford, Chris McKenna, Erik Sommers. Baseado nas obras de Stan Lee e Steve Ditko
Elenco: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr, Jon Favreau, Laura Harrier, Zendaya, Jacob Batalon, Marisa Tomei, Tony Revolori, Donald Glover…
Duração: 2h13
Estreia no Brasil: 6 de julho de 2017
Estreia nos EUA: 7 de julho de 2017
Orçamento: US$ 175 milhões
Bilheteria: US$ 880 milhões
Prêmios e indicações: clique aqui
Fonte: IMDB, Box Office Mojo

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