MCU Revisitado: Guardiões da Galáxia Vol. 2




Revi Guardiões da Galáxia Vol. 2 numa madrugada e jurava que eu ficaria com sono (porque era madrugada), mas não. Desta vez até me diverti mais do que quando assisti no cinema e algumas coisas que me incomodaram no passado ficaram bem menores.

Guardiões da Galáxia é um filme de meio e bem fechadinho em si mesmo, como Homem-Formiga. Quer dizer, ele não tem o compromisso do “avanço inexorável em direção ao Thanos”. O único indicativo disso é Nebula indo embora para tentar matá-lo. Só. O resto soa como “bem, vamos dar uma olhada no que os Guardiões da Galáxia estão fazendo”. E a história é só sobre eles.



Encontramos nossos heróis no planeta dos Soberanos (aquela gente dourada) esperando uma criatura que vai chegar de outra dimensão para comer umas baterias bem caras. Baby Groot saiu do vasinho, já está dançando por aí e o que tem de meigo, tem de nervoso. Rocket continua fazendo só o que quer. Peter e Gamora seguem bem devagar em direção a um relacionamento amoroso e Drax tá lá daquele jeito ¯\_(ツ)_/¯ Quem se junta a eles, forçadamente, logo no início é a Nebula. Gamora estava para entrega-la em Xandar para ser presa.

Por conta de uma merda que o Rocket faz, eles perdem a Milano e são socorridos por Ego, ninguém mais, ninguém menos que o pai biológico de Peter Quill. O grupo se divide, com parte ficando na floresta para vigiar/consertar a Milano, metade seguindo Ego para que Peter conheça aquela parcela de sua história. Enquanto isso, eles são perseguidos pelos Soberanos e pelos Ravagers, que se rebelaram contra Yondu.

Uma coisa que eu acho que Guardiões da Galáxia Vol. 2 fez muito bem foi aprofundar os personagens. Mantis é usada como uma ferramenta nisso, tocando nas pessoas e verbalizando o que elas estão sentindo. É um poder bem interessante. A Mantis é uma personagem interessante e espero que tenha mais do que essa função em Vingadores: Guerra Infinita. Quero vê-la crescer.


Você também entende porque Nebula é um pacote de ódio e dor em forma de boneca (sempre fico impressionada com as cenas em que ela fica se “remontando”). Ela foi desmembrada e reconstruída por Thanos repetidas vezes, sempre que perdia uma luta para sua irmã. Isso quando ainda eram crianças. Que sujeito sádico, hein? Como Gamora está ficando mais sensível, explorando sentimentos mais nobres, o contraste entre as duas é gritante. A hostilidade entre elas chega ao ápice (numa briga em escala absurda) e apenas depois disso elas se resolvem.


Antes, o comportamento de Peter Quill nesse filme tinha me deixado bastante indignada. Desconfiava das intenções do Ego e nem se impressionou com o PowerPoint de bonecos de louça que mantém na sala até ele dizer “Sabe, meu filho, você tem poderes! Você não é qualquer um! Vamos brincar de jogar bola de energia? Não tem problema se você já tá velho pra isso.” O Senhor das Estrelas deve ter uns 33, 34 anos. Quando você o vê brincando de bolinha com o pai e usando sua energia para criar um Pac-Man gigante é constrangedor. O problema é que faz sentido, infelizmente.


Apesar da idade avançada e de ter convivido com gente adulta todo esse tempo, no fundo ele é um crianção. Tanto Peter quanto Yondu dizem que ele foi pego pelos Ravagers porque era magrinho e conseguia entrar em qualquer buraco para roubar coisas. Sabemos que não é de todo verdade, mas, aconteceu. Ele também vivia sob constante ameaça de ser devorado. E pelo tratamento que os saqueadores deram ao Groot prisioneiro, o pequeno Senhor das Estrelas deve ter passado por algo parecido. Ele se apega tanto à infância interrompida na Terra, da qual foi brutalmente arrancado, que revive as coisas. Isso somado à ausência do pai, que tanto o impactou, dá nesse adulto incompleto. Quebrado.


E aí temos Yondu, com um dos arcos (se não o arco) mais dramáticos do filme. Ele toca em um aspecto muito complicado, inclusive no mundo real: como é possível continuar amando alguém que nos fez mal? É amor ou síndrome de Estocolmo? É amor ou apego ao conhecido? Existe redenção? O que é imperdoável? Deixo esta reflexão para você.


Sabemos que ele raptou Peter ainda criança, assim como todos os milhares de filhos que Ego espalhou pelo universo para expandir a si mesmo. Não o entregou ao pai para poupá-lo de uma morte horrível, mas batia, ameaçava e transformou o menino em um criminoso. Ao mesmo tempo, ele é uma vítima do abandono, vendido pelos próprios pais para ser escravo em uma guerra. Aceito por Stakar, líder dos Ravagers, sua ganância o faz quebrar uma das regras do código deles (não vender crianças) e ser expulso. Ou seja, foi pego fazendo o mesmo que fizeram ele. O saqueador sofre por não conseguir se explicar. Yondu mata com frieza e precisão. Olho por olho, dente por dente. Mesmo sendo violento, ele é capaz de altruísmo e seu último ato de redenção é entregar sua vida para que Peter possa viver.


E mesmo tendo passado por tudo aquilo, quando Peter precisa voltar-se para si mesmo e evocar suas lembranças felizes, Yondu está nelas (o ensinando a atirar). E ele chora sua morte por ter enxergado nele, nos últimos segundos, o pai que sempre buscou. Peter tem esse sentimento mesmo depois daquilo tudo que eu citei no parágrafo anterior. Como você reagiria no lugar dele?

Enquanto os Guardiões estão juntos (naquele momento acolhendo Mantis e Kraglin) observando a comoção que a morte de Yondu gerou, o pequeno Groot passa de um colo para o outro, totalmente confortável e seguro com aquela gente imperfeita e esquisita no meio da qual nasceu. É todo amor que ele conhece. O que será da arvorezinha quando crescer? Espero que alguém traduza no futuro.

FICHA TÉCNICA


Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2)
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn. Baseado nos quadrinhos de Dan Abnett e Andy Lanning. Créditos completos
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel (voz), Bradley Cooper (voz), Michael Rooker, Karen Gillan, Elizabeth Debicki, Kurt Russel, Pom Klementieff, Chris Sullivan, Sylvester Stallone...
Duração: 2h16
Estreia no Brasil: 27 de abril de 2017
Estreia nos EUA: 5 de maio de 2017
Orçamento: US$ 200 milhões
Bilheteria: US$ 863,7 milhões
Prêmios e indicações: clique aqui
Fonte: IMDB, Box Office Mojo

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